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  • Foto do escritorThe Brain Inside The Ball

🧠 Entrevista exclusiva com André Sousa (Manisa FK) ⚽



Como te descreves enquanto jogador?


Difícil falar sobre mim mesmo, porque nem sempre temos a melhor opinião sobre nós próprios mas aquilo que posso dizer é que me sinto um jogador de equipa que tenta ao máximo tirar o melhor dos meus colegas mesmo que isso às vezes me faça passar despercebido.

Típico número 8 box to box com qualidade de passe e capacidade de remate de meia distância e tenta sempre participar em ambos os processos defensivo e ofensivo.


Que tipo de jogo te atrai mais de ver numa equipa jogar?


Gosto de uma equipa que assuma o controlo do jogo, consiga construir desde o Gr e ter confiança quando o faz, não fique à espera do erro mas que provoque o erro do adversário e sempre que possível jogar dentro do meio campo adversário e quando digo isto não quero dizer que tenha de ter 80% de posse de bola mas sempre que tiver a bola saber atacar no momento certo, ser paciente e nunca perder o controlo do jogo seja com bola ou sem bola, isso é fundamental numa equipa.


Que tipo de jogador consideras ter mais impacto no coletivo?


Gosto especialmente de jogadores inteligentes, aqueles que percebem rápido a ideia do treinador e principalmente aquilo que o jogo pede dentro dessa mesma ideia, todos fazem parte como é óbvio e os mais evoluídos tecnicamente também são importantes mas penso que os que falei em primeiro acabam por ser mais importantes ao longo da época pela sua capacidade, regularidade e concentração, sendo mais constantes.


Após formação de clube grande e passagem pela Figueira da Foz com o hábito de ganhar, como se deu a tua adaptação ao futebol sénior pelas divisões secundárias?


Acabou por ser muito importante, como disseste fiz formação numa das melhores do mundo e isso dá-te uma bagagem enorme por todos os formadores/treinadores com que trabalhei e pelas experiências que tive em termos de campeonato e torneios internacionais (que noutros contextos não acontece com tanta frequência).

Mas por outro lado como falaste, habituar a ganhar, não é que isso seja um mau hábito porque concordo que tenhas de o fazer e só assim se criam vencedores, mas quando és jovem e encontras outras realidades como foi o meu caso em divisões inferiores, na passagem para Sénior é sempre um choque. O ganhar mais vezes acaba por não acontecer, instalações diferentes, o perfil dos colegas também, tudo é novo e o processo de adaptação é muitas vezes difícil e penso que é uma das razões para que muitos jovens desistam do sonho.

No meu caso, acabei por conseguir ultrapassar, e o conselho que dou é nunca desistir e acreditar sempre em ti a seguires o teu sonho se realmente o queres realizar, não optar pelos caminhos mais fáceis e desistir ou fazer a vida que não é compatível com o futebol, porque quando és jovem isso é o mais fácil de acontecer, fazer sacrifícios porque o resultado nunca é imediato, ser paciente porque a hora vai chegar e depois vais estar preparado.


Sendo tu um médio bastante completo, que características consideras fundamentais para um médio se destacar?


A concentração, os detalhes que parecem simples mas são difíceis de executar como a receção, passe e tomada de decisão. Gosto muito também quando o médio tem condução de bola como no caso do Renato Sanches ou Matheus Nunes, com essa característica conseguem queimar etapas e isso é muito importante para causar danos nos adversários e desmontar estruturas, é um movimento difícil de controlar pelo adversário, tanto quanto um bom passe para desmontar defesas. Característica essa que gostava de ter tido e nunca consegui meter no meu jogo (risos).


Dividindo a organização ofensiva em construção, criação e finalização, gostas especialmente de contribuir em alguma destas fases?


Sendo um médio box to box acabo por muitas vezes participar em todas as fases, mas talvez pelas minhas características e por me sentir mais confortável gosto especialmente da fase de construção onde tudo começa, ter a capacidade junto com o treinador e equipa de desmontar a pressão do adversário e explorar essas mesmas lacunas é algo que me dá muito prazer.

Depois deixar a outra parte para os criativos que possam concluir tudo que iniciamos. Sou da opinião de quem começa bem normalmente acaba bem, daí gostar dessa parte estratégica da construção.


Sem bola, em organização defensiva, ser expectante e esperar erro do adversário ou pressionar para procurar recuperar bola?


Depende muito de contra quem estás a jogar e características do adversário, mas claramente pressionar alto ou médio/alto, tentar provocar ao máximo o erro do adversário e consequentemente estar mais perto do objetivo quando recuperas que é o golo.

Como prefiro ter controlo do jogo no meio campo adversário, fazer dele nosso habitat, não gosto de ficar à espera mas sei que existem momentos que tens de o fazer, também podes controlar o jogo sem bola e isso também é uma virtude e dá trabalho.


As relações dentro de campo são fundamentais, tens a bola em teu poder, que tipo de características dos teus colegas te favorecem?


Gosto muito de ter dinâmica, ter várias opções, pelo menos 3 dessas opções podem variar consoante o jogo. Como exemplo do que gosto dou-te o sistema do Sporting que também utilizava no Belenenses, é o exemplo perfeito para explicar onde me sinto melhor pois ali encontras tudo.

Saída curta, jogo exterior e interior, jogo em apoio e em profundidade, penso que se conseguires incluir tudo isso no teu jogo fica mais difícil para os adversários contrariar. Um sistema muito exigente para quem utiliza pois precisas de o trabalhar muito, ter jogadores inteligentes e níveis de concentração altos pois as variantes são muitas.


Qual a tua referência enquanto jogador e qual adversário mais difícil de defrontar?


A referência sempre foi o Frank Lampard daquele Chelsea de Mourinho, ele define na perfeição um box to box.

Jogador mais difícil de defrontar foi o Parejo no Valência, fazia tudo com uma simplicidade enorme onde a receção fazia toda a diferença, foi um recital de como se joga a médio estar a vê-lo ali de tão perto.


Qual o melhor momento que já viveste no futebol?


Foi no Belenenses, quando fizemos história ao entrar nos grupos da Liga Europa, onde tivemos de passar duas eliminatórias até lá chegar, foram momentos muito felizes e de uma experiência brutal jogar em estádios e contra adversários de outra dimensão.


Um último desafio, qual o melhor XI que já defrontaste até ao momento?


Oblak, Cancelo, Pepe, David Luiz, Marcos Alonso, Parejo, João Moutinho, Pablo Aimar, Bernardo Silva, Bernardeschi e Jonas.




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